“Toda manhã na África, a gazela acorda. Ela sabe que precisa correr mais rápido que o mais rápido dos leões para sobreviver. Toda manhã um leão acorda. Ele sabe que precisa correr mais rápido que a mais lenta das gazelas senão morrerá de fome. Não importa se você é um leão ou uma gazela. Quando o sol nascer, comece a correr.”
Queria homenagear o autor deste aforismo dando de mim, um pouco do meu obrigado. Este aforismo traz para nós moçambicanos, desafios para pudermos correr mais rápido a fim de buscar sobrevivência e é por isso que a cada dia, aumenta o número de “mukheristas e nhonguistas”. A cada dia vemos burladores até em setores chaves das instituições do estado.
O informe que não informou nada. Quando um pai pede uma conversa com seus filhos, espera-se no mínimo algo coerente, sustentável, ou conselhos para a vida ou alguma bronca. Mesmo se for um pai bêbado, ao menos pede a um dos filhos para comprá-lo bebida.
Quando se diz informe, espera-se algo melhor que tenha cauda e cabeça. Há, nesse informe esperança e caminhos para o futuro. Um informe que não traz esperança ao povo é apenas um papel pintado com caneta fusca. Um informe que não informa ao povo comete um erro que deve ser banido. Quando algo que devia beneficiar a maioria apenas se reflete num grupo, isso não pode ser repercutido.
Onde está escrito ali que Moçambique há fome? Há falta de assistência médica adequada para o povo? Há falta de vias de acesso? Um líder maduro, honesto, inteligente, primeiro se crucifica para depois trazer o que fez.
Quando um líder exige dos seus liderados salva de palmas, esse é um megalomaníaco. Um líder que faz bem ao povo não precisa pedir aplausos, o povo o protege, o ama e até mesmo luta por ele. Os lideres ditadores impõem a sua vontade sobre as vontades da maioria. Será que é o nosso caso? Algo não está bom?
Para descobrir que o peixe está podre, há que pegar pela cabeça. E para descobrir que naquele lar o assunto é atípico, ou vive-se numa espécie de ringue, não é necessário conversar com o casal, basta olhar nos rostos das crianças. Esses rostinhos denunciam dor, medo, insegurança e olhos sempre desviando quem tenta olhar firmemente.
E no caso de Moçambique, quem quiser apurar a verdade, não é apenas pelas televisões, basta se deslocar às ruas. Verá os rostos das pessoas murchados, olhos encovados, rostos que denunciam fome, desespero, insegurança, medo, preocupação, vontade e tendência de fuga e, sobretudo, lamentação.
Portanto, naquele “informe” que não informou nada traz consigo dois caminhos: primeiro, anuncia a ausência do governo mostrando que é apenas um grupo de empresários em cadeiras de servidores públicos. Esses empresários vivem de tudo que vem daqueles que os oprimem. O segundo ponto é sobre a ausência do estado. O povo não existe nesta nação uma vez que não se move com as mentiras, não se sente instigado em defesa do território. A ausência do estado, é a decretação da falência do mesmo e cada um faz o que o aprouver. Num estado ausente, não há lei que funciona!
O nosso povo poderia chamá-lo de POVO ESPERANÇA, ou seja, cada moçambicano teria como seu apelido “esperança”. Como segue no exemplo: Antonio Damião Carlos Esperança; Junior Ramos Eusébio Esperança. Por que esperança? É um povo que apenas espera.
Não é aquela esperança do verbo esperançar, porém, espera sem destino. A esperança é um ímpeto que movem todos aqueles que têm sonhos e desejam alcançar. Para os não sonhadores, não há nada a esperançar se não esperar o nada. Quem só espera tudo o que lhe é dito, tudo o que ouve, transforma em modelo de vida.
Para o povo moçambicano, falta-lhe amar a pátria e descartar o partido. Para o povo moçambicano, falta-lhe esperança do verbo esperançar em detrimento da espera. Este povo morrerá por esperar em políticos que a cada dia raspa seu cabelo a olho nu ainda que sem permissão.
O informe que não informou nada veio dizer aos moçambicanos que não esperem nada do governo, se virem como puderem e quem tiver condições, pode sair do país à vontade. Este informe veio dizer aos funcionários que não fazem diferença e não são as leis trabalhistas que mandam e decidem, é o dito chefe em oculto fazendo dos funcionários uma surdina para seus fins.
Veio dizer aos empresários que apenas servem para financiar as campanhas eleitorais e mais que isso, são uma caixa de ressonância. Veio dizer à comunicação social que não fazem mais parte do quarto poder, mas um quarto no poder.
Este é o informe que não informou nada aos moçambicanos. Mãos a obra e teremos mais dias difíceis, a fome aumentará, as matanças aumentarão, o desemprego aumentará e o ódio entre moçambicanos aumentará. Portanto, corra em busca de sobrevivência e não espere nada dos políticos. Eles têm suas vidas feitas e tu? Olha ao seu redor!
Júnior Rafael