“Temos sido rotulados como pobres. Somos pobres. Será? Essa tem sido a narrativa de um grupo que tenta incutir nas mentes de milhões de moçambicanos a ideia de que a pobreza é uma parte inerente de nossas vidas.
Será que somos realmente pobres, ou a pobreza é apenas uma corda que é usada pelos que estão no poder para perpetuar mentiras brancas? Por que a pobreza persiste? Estamos sem liderança como uma igreja sem pastor? Realizamos rituais sem os guias adequados? Qual é a validade disso?
Somos ou não pobres? Se sim, quais são os caminhos para nos libertarmos dessa condição? Eles afirmam que somos pobres, certo. Mas quando diagnosticamos uma doença, não é seguido por um tratamento? Qual é o tratamento para a pobreza em nossa terra natal? Desvio de fundos? Favorecimento em empregos? Nepotismo? Eliminação daqueles que discordam?
Eu afirmo que não há pobreza aqui. Digo isso com convicção. Nossa pobreza é uma narrativa, um filme fictício, uma sinfonia de mentiras. Se fôssemos realmente pobres, os países ricos não buscaríam alianças conosco.
Se fôssemos pobres, não receberíamos atenção do Ocidente e do Oriente. Nossa pobreza surge quando apoiamos cegamente o partido e igualamos o estado a ele. Nossa pobreza surge quando tememos os líderes e não os responsabilizamos por seus deveres.
Nossa pobreza surge quando pensamos que nosso salário e moradia vêm do partido. Isso não é apenas pobreza, mas um vírus letal que levará décadas para combater.
Nossa pobreza se manifesta quando aceitamos mentiras como se fossem nossa verdade. Quando a corrupção é normalizada. Pobreza não é apenas a ausência de bens materiais, mas a aceitação de uma vida indesejável.
Ser pobre é aceitar o que é anormal. Pode ser pobreza mental, espiritual, emocional ou de bens materiais. A pobreza imposta serve como uma barreira para manter os menos afortunados afastados dos ladrões que estão no poder.
Aceitamos a pobreza por falta de objetivos. Nutrimos o conceito de pobreza porque não queremos sair do status quo. Quem é pobre é aquele que não usa plenamente sua capacidade de raciocínio. Aquele que idolatra outros, aplaude cegamente e aceita tudo como se fosse parte de um plano divino.
Entretanto, tudo que vemos em nossa terra é uma narrativa intencional de pobreza. Já os vimos passar fome? Reclamar do atendimento precário nos hospitais? Da má qualidade da educação? Das estradas ruins? Da desnutrição de seus próprios filhos? Claro que não! Eles são a verdadeira pobreza deste povo sonhador. Eles são os demolidores, os roedores deste povo.
Pobres são aqueles que não exigem responsabilidades de seus líderes. Pobres são aqueles que acreditam terem sido predestinados a essa condição. Pobres são aqueles que se contentam em permanecer na “caverna de Platão”… Há muito dinheiro aqui, mas você simplesmente não exige sua aplicação. Se você permanecer passivo diante da dor que sente agora, o próximo passo será a morte sem direito a argumentação.”
Por Júnior Rafael