11 de Fevereiro de 2024
Levítico 13, 1-2.44-46; Salmo 31, 1-2.5.11; 1 Coríntios 10, 31-11,1; Marcos 1, 40-45
COMENTÁRIO DAS LEITURAS
As leituras deste 6º Domingo do Tempo Comum nos convidam a refletir sobre a compaixão de Deus, nossa confiança Nele em meio às dificuldades, a importância de viver em conformidade com Sua vontade e o poder transformador do encontro com Jesus Cristo.
Leitura do Livro de Levítico 13, 1-2.44-46
Nesta leitura, somos transportados para o livro de Levítico, que faz parte do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Este livro é fundamental para compreender as leis e rituais do povo de Israel. O capítulo 13 trata da lepra, uma doença temida na antiguidade, não apenas por suas consequências físicas, mas também por sua associação com impureza ritual.
- Contexto Histórico e Cultural: Na cultura judaica antiga, a lepra era considerada uma doença contagiosa e uma impureza ritual. Os leprosos eram isolados da comunidade para evitar a propagação da doença e para manter a pureza cerimonial.
- Procedimentos de Diagnóstico: O texto descreve os procedimentos para diagnosticar a lepra, indicando sinais específicos que os sacerdotes devem observar. Se a lesão na pele apresentasse características de lepra, o indivíduo seria considerado impuro.
- Isolamento e Purificação: Os leprosos diagnosticados eram isolados do acampamento ou da cidade, e deviam ficar afastados das pessoas saudáveis. Isso não apenas protegia a comunidade da propagação da doença, mas também servia para manter a pureza cerimonial. O isolamento deveria continuar até que a lepra desaparecesse e o sacerdote os declarasse limpos após um período de purificação.
- Simbolismo Espiritual: Além da preocupação com a saúde física, há um simbolismo espiritual nesse texto. A lepra é frequentemente usada na Bíblia como uma metáfora para o pecado e impureza espiritual. Assim como a lepra afasta uma pessoa da comunidade, o pecado afasta o homem de Deus e da comunhão com os outros.
Salmo Responsorial: Salmo 31, 1-2.5.11
O Salmo 31 é uma oração de confiança em Deus em meio às adversidades. Aqui estão alguns aspectos chave:
- Refúgio em Deus: O salmista expressa sua confiança em Deus como seu refúgio e rocha. Ele busca proteção no Senhor em tempos de aflição.
- Confissão da Confiança: O salmista declara sua confiança em Deus, reconhecendo que Ele é fiel e justo.
- Pedido de Misericórdia: O salmista implora pela misericórdia de Deus, reconhecendo sua própria fragilidade e necessidade do cuidado divino.
- Celebração da Providência de Deus: O salmista celebra a bondade e a fidelidade de Deus, reconhecendo que Ele cuida daqueles que confiam Nele.
Segunda Leitura: 1 Coríntios 10, 31-11,1
Esta passagem da Primeira Carta aos Coríntios aborda o tema da liberdade cristã e a importância de viver em conformidade com a vontade de Deus. Aqui estão alguns pontos-chave:
- Tudo para a Glória de Deus: Paulo exorta os coríntios a fazerem tudo para a glória de Deus. Isso significa que todas as nossas ações devem refletir a nossa fé e estar alinhadas com os princípios do Evangelho.
- Imitadores de Cristo: Paulo incentiva os coríntios a seguirem seu exemplo, assim como ele segue o exemplo de Cristo. Ele destaca a importância de imitar o Senhor em todas as áreas da vida.
- Evitar Escândalos: Paulo adverte contra o escândalo, instruindo os coríntios a não fazerem nada que possa levar outros a pecar. Isso destaca a responsabilidade dos cristãos em serem testemunhas fiéis do Evangelho.
Evangelho: Marcos 1, 40-45
Este trecho do Evangelho de Marcos narra o milagre da cura de um leproso por Jesus. Aqui estão alguns pontos a serem considerados:
- Compaixão de Jesus: Jesus é movido pela compaixão ao encontrar o leproso. Ele não apenas cura a doença física do homem, mas também restaura sua dignidade e reintegração na sociedade.
- Obediência à Lei: Após a cura, Jesus instrui o leproso a cumprir as prescrições da lei mosaica, indo mostrar-se aos sacerdotes e oferecendo os sacrifícios prescritos. Isso destaca a importância de obedecer à vontade de Deus e respeitar as tradições religiosas.
- Divulgação do Milagre: Apesar de Jesus instruir o leproso a não contar a ninguém sobre sua cura, o homem não consegue conter sua alegria e proclama abertamente o que Jesus fez por ele. Isso demonstra a natureza transformadora do encontro com Jesus e a dificuldade de manter um milagre tão extraordinário em segredo.
AS LEPRAS QUE DEVEMOS CURAR HOJE
Refletir sobre as “lepras” contemporâneas que precisamos curar na sociedade e na igreja é uma questão essencial para entendermos como podemos viver o evangelho de forma mais autêntica e eficaz. Aqui estão algumas “lepras” modernas que podem ser consideradas:
- Desigualdade Social e Econômica: A disparidade entre ricos e pobres é uma realidade em muitas partes do mundo. Esta é uma “lepra” que precisa ser tratada, pois causa sofrimento e injustiça para muitos. A igreja pode desempenhar um papel importante ao promover a justiça social e defender os direitos dos mais vulneráveis.
- Discriminação e Preconceito: A discriminação com base em raça, gênero, orientação sexual, religião e outras características é uma “lepra” que continua a infectar nossa sociedade. A igreja deve ser um lugar de acolhimento e inclusão para todos, combatendo o preconceito e promovendo a igualdade e o respeito mútuo.
- Individualismo e Materialismo: Vivemos em uma cultura que muitas vezes valoriza o individualismo, o consumismo e a busca por riqueza e poder. Essa mentalidade pode levar à alienação, à exploração dos outros e à degradação do meio ambiente. A igreja pode desafiar essa mentalidade promovendo a solidariedade, a partilha e o cuidado com o próximo e com a criação.
- Violência e Guerra: A violência e os conflitos armados continuam a causar sofrimento e destruição em muitas partes do mundo. A igreja é chamada a ser uma voz profética pela paz, promovendo a reconciliação, o diálogo e o perdão em vez da violência e da vingança.
- Individualismo Espiritual e Falta de Comunidade: Muitas vezes, nos concentramos em nossa própria jornada espiritual sem nos preocuparmos com os outros membros do corpo de Cristo. A falta de comunidade e de cuidado mútuo pode ser considerada uma “lepra” espiritual que precisa ser curada. A igreja deve promover a comunhão, o apoio mútuo e o discipulado uns dos outros.
Essas são apenas algumas das “lepras” contemporâneas que afetam nossa sociedade e nossa comunidade de fé. Como seguidores de Cristo, somos chamados a agir em amor e justiça para combater essas injustiças e promover o Reino de Deus aqui na Terra.
COMPROMISSO CRISTÃO A TER EM CONTA
Com base nas leituras do VI Domingo do Tempo Comum, Ano B, o compromisso do cristão pode ser entendido de várias maneiras:
- Compaixão e Solidariedade: Assim como Jesus foi movido pela compaixão ao curar o leproso, os cristãos são chamados a manifestar compaixão e solidariedade para com os que sofrem ao seu redor. Isso pode significar cuidar dos doentes, dos marginalizados, dos excluídos e dos necessitados em nossa comunidade.
- Confiança em Deus em Tempos de Adversidade: O Salmo Responsorial nos lembra da importância de confiar em Deus em meio às dificuldades. O compromisso do cristão é manter uma confiança inabalável em Deus, mesmo quando enfrentamos desafios e provações.
- Viver em Conformidade com a Vontade de Deus: A segunda leitura destaca a importância de fazer tudo para a glória de Deus e de seguir o exemplo de Cristo em nossas vidas. O compromisso do cristão é viver em conformidade com a vontade de Deus, buscando fazer o que é justo, bom e verdadeiro em todas as circunstâncias.
- Testemunhar o Poder Transformador de Jesus: O Evangelho nos lembra do poder transformador de Jesus Cristo em nossas vidas. O compromisso do cristão é testemunhar esse poder, compartilhando as boas novas do Evangelho e sendo instrumentos da graça de Deus para transformar vidas ao nosso redor.
Em suma, o compromisso do cristão à luz dessas leituras é viver uma vida de compaixão, confiança em Deus, obediência à Sua vontade e testemunho do poder transformador de Jesus Cristo em todas as áreas de nossa vida e em nossa interação com o mundo ao nosso redor.
Que Deus nos cure e transforme
Unidos na fé!
Pe Cantífula de Castro