03 de Março de 2024
LEITURA I: Ex 20,1-17; Salmo 18 (19); LEITURA II: 1Cor 1, 22-25; EVANGELHO: Jo 2, 13-25
A Palavra de Deus é fonte de luz
Neste terceiro domingo da Quaresma, as leituras nos convidam a reflectir sobre a importância da adoração a Deus, a pureza de coração e a sabedoria divina.
A primeira leitura que nos apresenta os Dez Mandamentos, dados por Deus a Moisés no Monte Sinai, é um lembrete fundamental da base da moralidade e da relação entre o povo e Deus. Esses mandamentos, inscritos em duas tábuas de pedra, representam a vontade divina para a conduta humana e estabelecem os princípios fundamentais da justiça, da santidade e do amor.
Os Dez Mandamentos são uma expressão do amor de Deus pelo Seu povo e delineiam as responsabilidades e deveres tanto para com Ele quanto para com o próximo. Eles começam com a admoestação para amar a Deus acima de tudo, reconhecendo Sua supremacia e soberania sobre todas as coisas. Em seguida, eles nos orientam a viver em harmonia com os outros, respeitando a vida, a propriedade, a integridade conjugal e a verdade.
Além de serem um guia para uma vida justa e moral, os Dez Mandamentos também são uma lembrança constante da nossa necessidade de arrependimento e reconciliação com Deus quando falhamos em cumpri-los. Eles nos chamam ao autoexame e à humildade, reconhecendo nossas fraquezas e dependência de Deus para viver uma vida virtuosa.
Portanto, viver de acordo com os Dez Mandamentos significa mais do que apenas obedecer a regras; significa cultivar um coração obediente a Deus e um compromisso com a justiça e a santidade em todas as áreas da vida. É através desse compromisso que demonstramos nosso amor por Deus e nosso cuidado pelo próximo, tornando-nos verdadeiros discípulos de Cristo em nosso dia a dia.
O Salmo responsorial (Salmo 18) celebra a Lei de Deus como perfeita e capaz de dar sabedoria ao simples. O salmo nos convida a meditar na Palavra de Deus e a buscá-la como um tesouro precioso. A Palavra de Deus é uma fonte de luz em nossas vidas, iluminando nossos caminhos e nos ensinando a viver de acordo com a vontade de Deus.
Na segunda leitura, São Paulo fala sobre a sabedoria divina que transcende a sabedoria humana. Ele destaca que a mensagem da cruz pode parecer loucura para o mundo, mas é a sabedoria de Deus que traz a salvação. Devemos buscar a sabedoria divina e não nos deixar levar pelas opiniões e valores passageiros do mundo.
A sabedoria divina, conforme apresentada por Paulo, transcende a compreensão humana e os padrões mundanos. Enquanto o mundo muitas vezes valoriza o conhecimento e os princípios terrenos, a sabedoria de Deus se revela na simplicidade e no poder transformador da cruz de Cristo. Através do sacrifício de Jesus na cruz, Deus demonstra Seu amor incomparável e Sua habilidade de redimir a humanidade do pecado e da morte.
Paulo adverte contra a tentação de se deixar levar pelas opiniões e valores passageiros do mundo. Em vez disso, ele incentiva os crentes a buscar a sabedoria divina, que é encontrada na fé em Cristo crucificado e ressuscitado. Essa sabedoria não se baseia na lógica humana ou nas normas sociais, mas na revelação divina e na verdade eterna encontrada nas Escrituras.
Portanto, a mensagem de Paulo nos lembra da importância de não nos conformarmos com os padrões deste mundo, mas de renovarmos nossa mente na sabedoria de Deus. Isso significa abraçar a loucura da cruz e confiar na obra redentora de Cristo como o caminho para a verdadeira sabedoria e salvação.
No Evangelho de João, encontramos o relato da expulsão dos vendilhões do Templo por Jesus, um evento significativo que destaca Sua preocupação com a pureza e a santidade do lugar de adoração. Jesus demonstra zelo pela casa de oração, rejeitando a profanação do Templo com atividades comerciais e restabelecendo sua verdadeira função como local de encontro com Deus.
A declaração de Jesus, “Destruí este templo, e em três dias o levantarei”, é inicialmente mal compreendida pelos ouvintes como uma referência ao Templo físico em Jerusalém. No entanto, Jesus estava se referindo ao templo do Seu próprio corpo, que seria crucificado e ressuscitado em três dias. Essa afirmação profética aponta para Sua morte e ressurreição como o verdadeiro sacrifício e o verdadeiro lugar de encontro com Deus, substituindo o Templo físico como o centro da adoração.
Essa passagem nos convida a refletir sobre a verdadeira natureza da adoração a Deus. Jesus rejeita o formalismo vazio e enfatiza a importância da adoração em espírito e em verdade. Ele busca uma conexão íntima e pessoal com o Pai, que vai além de meros rituais e práticas externas. A verdadeira adoração é uma questão de coração, de sinceridade e de entrega total a Deus.
Portanto, essa passagem nos desafia a examinar nossas próprias práticas de adoração e a nos questionar se estamos verdadeiramente buscando a Deus de todo o coração, mente e alma. Ela nos lembra da importância de nos aproximarmos de Deus com humildade, reverência e autenticidade, deixando de lado qualquer formalismo vazio em favor de uma relação profunda e significativa com nosso Criador.
COMPROMISSO CRISTÃO
Neste Domingo III da Quaresma, somos chamados a renovar nossa busca pela sabedoria divina, meditando na Palavra de Deus e vivendo de acordo com Seus mandamentos.
O compromisso do cristão é viver de acordo com os ensinamentos e exemplos de Jesus Cristo, buscando seguir Seus mandamentos e amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Viver bem os mandamentos implica em incorporar esses princípios em todas as áreas da vida, tanto em relação a Deus quanto aos outros seres humanos. Para viver bem os mandamentos, o cristão pode adotar algumas práticas e atitudes:
- Conhecer os mandamentos: É fundamental estudar e compreender os Dez Mandamentos e os ensinamentos de Jesus presentes nas Escrituras Sagradas. Isso envolve a leitura regular da Bíblia e o estudo dos ensinamentos da Igreja.
- Colocar Deus em primeiro lugar: O primeiro mandamento nos orienta a amar a Deus sobre todas as coisas. Isso significa priorizar o relacionamento com Deus em nossa vida diária, dedicando tempo à oração, adoração e comunhão com Ele.
- Praticar a fé ativa: Viver os mandamentos não se resume apenas a palavras, mas também a ações. Isso envolve viver uma vida de fé ativa, colocando em prática os ensinamentos de Jesus no amor ao próximo, na caridade, na justiça e na misericórdia.
- Buscar a santidade: Os mandamentos nos chamam à santidade, a viver uma vida em conformidade com a vontade de Deus. Isso requer uma busca constante pela virtude, pelo arrependimento dos pecados e pelo crescimento espiritual.
- Viver em comunidade: Jesus nos chamou para viver em comunhão uns com os outros. Portanto, viver bem os mandamentos também significa viver em harmonia e amor com nossos irmãos e irmãs na fé, apoiando-nos mutuamente e trabalhando juntos para o bem comum.
- Examinar a consciência: Regularmente, devemos examinar nossa consciência à luz dos mandamentos, identificando áreas em que podemos melhorar e nos arrependendo de nossos pecados.
- Buscar a graça sacramental: Os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Confissão, são fontes de graça que nos fortalecem na observância dos mandamentos e nos ajudam a viver uma vida cristã autêntica.
Em resumo, o compromisso do cristão é viver uma vida em conformidade com os mandamentos de Deus, buscando amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Isso requer uma abordagem holística que englobe fé, ação, santidade, comunidade e busca constante pela graça divina.
Que possamos abrir nossos corações à sabedoria divina e viver de acordo com a vontade de Deus, amando a Ele e ao nosso próximo com sinceridade e pureza de coração. Amém.
Pe Cantífula de Castro