“O povo é meu patrão”.
Uma frase que criou curiosidade e expectativa ao povo moçambicano, mas também aos demais povos africanos que estão acostumados a ver seus presidentes a ter poderes absolutos, autoritários, ditadores e em alguns casos a permanecer no poder por décadas.
Quando o presidente Nyusi iniciou o seu mandato em 2015 deparou-se com problemas sérios de falta de recursos e falta de abertura de alguns camaradas. O primeiro mandato foi se arrastando sem rumo, mas sempre com promessas que não chegaram a ser cumpridas. O lema: “o povo é meu patrão” tornou-se uma ofensa porque o empregado junto com seus vizinhos ocupou o lugar do patrão até deixá-lo no grau de mendigo.
Para sermos pragmáticos, apontemos alguns desafios:
1. Pobreza absoluta
Apesar de haver alguns investimentos da comunidade internacional, Moçambique continua a ser um dos dez países mais pobres do mundo. Em todos os anos, a fome deixa milhares de crianças desnutridas apesar do país ter condições favoráveis para produzir alimentos. O famoso “sustenta” acaba não sustentando os pobres, mas um pequeno grupo de camaradas. Por isso podemos chamá-lo de “programa de sustenta dos lobos” (PSL) de Moçambique cada vez mais empobrecido.
2. Educação
De forma mais resumida é uma das áreas que parece que é algo propositado porque encontramos jovens que até o ensino superior lutam contra o analfabetismo. O mínimo que cada aluno da décima segunda classe poderia fazer de saber ler, escrever e interpretar textos simples, o sonho é um pesadelo porque a passagem automática e apresentação de relatórios falsos de aproveitamento pedagógico continuam marcando o Sistema Nacional de Educação. Cada ano é novo currículo e novos manuais que os que deveriam ser professores se tornam papagaios. A educação que deveria formar críticos e homens e mulheres livres para a construção de Estado Democrático e de Direito, forma lambe botas que não sabem dizer não ao regime. Em pleno início de aulas, se alguém quiser evidências, por um lado, poderá encontrar aglomerações de crianças debaixo de árvores, sentados no chão, sem condições dignas de estudar nem de conceberem um futuro melhor para Moçambique. Por outro, poderá, ao visitar, por exemplo, um porto, achará navios cheio de madeira sendo exportado e com destinos incertos.
3. Saúde
Sabemos que ninguém gosta de ficar doente. É óbvio que ficar doente faz parte da vida e cada ser humano é sujeito a isso. Porém, pegar uma malária de uma cruz em Moçambique, é muitas vezes, o término precoce de uma vida. Nos hospitais públicos, há muitos anos que sabem receitar remédios que só são achados em farmácias privadas cujo donos não podem ser mencionados. É fácil ver a entrar na cidade caminhões de remédios, mas que não chegam na farmácia de um hospital público. A falta de profissionais é visível e os poucos médicos e enfermeiros que deveriam estar nos hospitais não têm condições profissionais ou estão entregando suas vidas sem nenhuma recompensa digna.
4. Transportes
A transição de nomes dos poucos meios de transporte que Moçambique tem é o desespero do povo que chega a chamar de “chapa-cem” o avião da LAM, empresa pública que nos últimos anos é uma autêntica dor de cabeça, pois foi declarado de insustentável, termo que na linguagem popular é uma empresa falida. Mas como serve o regime e sustenta os interesses pessoais, continua a voar mesmo com o risco de sumir com vidas humanas. Nas cidades, os “my loves” continuam a circular nas estradas péssimas. O povo fica na estação de transportes semicoletivos por muitas horas. Os “Nagis” que tentam se transformar em aviões terrestres matam muitas pessoas e os donos continuam impunes.
5. Segurança
Quando se fala de segurança, o termo serve para os camaradas que nas suas casas têm homens armados e nos passeios andam de blindados enquanto o povo vive na insegurança. O medo que se transforma em pânico vai se tornando do pão de cada dia. Para perceber que estamos num país inseguro, basta aproximar-se onde mora um dirigente de alto escalão, ninguém é permitido de andar na calçada de sua casa. Se Moçambique fosse seguro, não haveria medo.
Há sete anos que o norte do país está mergulhado no terrorismo. Quando parecia que estava a ser resolvido, o povo de Cabo Delgado viu novamente a ser ameaçado pelos insurgentes e hoje ninguém mais dorme em casa. Os deslocados vivem em situação indigna e as crianças sem nenhum futuro. Portanto, o povo clama pela paz e tranquilidade.
6. Justiça e transparência
O exemplo das últimas eleições autárquicas, é uma das evidências de que, a justiça está ao serviço do regime. As dívidas ocultas e demais desvios de bens públicos, em países sérios, não teríamos assistido um julgamento que se transformou em telenovela. Os tubarões continuam impunes. A falta de separação dos poderes prejudica o país. Moçambique nunca se distancia da corrupção. O Estado está a serviço de interesses minoritários. Por falta de transparência, o povo não sabe o que é a verdade quando, por exemplo, dizem que o país não tem dinheiro para realizar as eleições. O certo é que Moçambique nunca teve dinheiro porque a riqueza está nas mãos da minoria.
Conclusão
Para o bem de Moçambique e seu povo, concluímos que: “O mano Nyusi deve renunciar e desistir de tudo”. O suposto patrão de 2015, irá perdoar o empregado que deixou de exercer o seu papel. Apesar de deixar o país em péssimas condições, a melhor coisa que sugerimos é que deve renunciar para que o país comece do zero. Não adianta sonhar o terceiro mandato nem adiar as eleições. Peça socorro aos parceiros internacionais, como nos outros anos, para que patrocinem as eleições de 2024. É tempo de seriedade e respeito ao povo moçambicano que está exausta, miserável, traumatizada, enganada e roubada.
“De um filho da casa, que quer ver um Moçambique melhor”