
Antigamente havia mistérios ocultos que se mantinham secretamente. Hoje em dia muitas pessoas não tapam a boca. Preferem desvelar o que é oculto para serem famosas. Mas esse caminho é que nos leva ao precipício muito profundo. Como afirma Rojas, “O homem light carece de pontos de referência, vive num grande vazio moral e não é feliz, ainda que tenha materialmente quase tudo”. Senão vejamos.
A lei mãe moçambicana, no seu artigo 73 garante que “o voto será directo e secreto, com valor igual para todos”. Mas há pessoas que preferem atropelar essa lei. Não percebem, talvez, que o voto secreto foi e é uma grande conquista da democracia. O voto secreto existe para proteger as pessoas da pressão do poder político, do poder económico, e também hoje de sectores da própria mídia. O voto secreto existe para isso porque senão as pessoas se sentirão pressionadas.
O voto é directo quando é dado pelo eleitor, sem intermediação, escolhendo ele mesmo o candidato que quiser. Não se delega para votar em lugar de um doente ou um outro ausente. Contudo, o voto secreto assegura ao eleitor o direito de escolher o seu candidato, mantendo o sigilo de sua escolha. Ninguém me obriga a revelar a quem é que vou votar. Quem sabe sou eu e a decisão será na urna.
O voto deve resultar da manifestação da vontade do eleitor, não sendo permitida qualquer interferência alheia, pois seu sigilo garante a honradez do processo eleitoral e consequentemente a consagração da democracia participativa. Ele goza de igualdade, pois, possui o mesmo peso político para todos os eleitores. O voto secreto é um direito. Por meio dele fica assegurada a livre manifestação da vontade do eleitor, que não deve sofrer qualquer constrangimento, e, ao mesmo tempo, fica afastada a possibilidade de compra do voto.
Já apelamos de diversas maneiras a tomarmos consciência das nossas responsabilidades eleitorais. Neste mundo em que cada um luta para sua sobrevivência e manutenção do emprego corre-se risco de ser bajulador. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto não é correcto. Assim, o voto directo e secreto é um direito constitucionalmente assegurado a todo eleitor moçambicano.
Então, donde vem essa coisa de fazer publicidade dizendo que fulano vota outro fulano X? Porque obriga aos outros violarem o seu próprio direito de manter a sua escolha em secreto? E mais não disse!
Por: Kant de Voronha