
Por: Kant de Voronha
Hoje, as ruas de Nampula amanheceram lavadas pelas lágrimas de Deus. Era madrugada quando as nuvens, densas e carregadas, começaram a derramar sua dor sobre a cidade, como se o céu, em seu lamento silencioso, tivesse enfim decidido chorar pelos oprimidos. A chuva, que escorria pelas calçadas, parecia carregar consigo anos de sofrimento, exploração e cansaço acumulado por um povo que há décadas sonha com a justiça e a liberdade.
Deus, no alto de sua paciência infinita, também está cansado. Cansado dos corruptos que, desde 1975, têm sugado o sangue de uma nação rica em espírito, mas empobrecida pelas mãos que deveriam protegê-la. Cansado de ver jovens, como aqueles que hoje marcham nas ruas de Nampula, carregando nas costas o peso de um país que lhes negou o futuro, que lhes roubou os sonhos e os condenou à eterna espera.
E, nessa manhã molhada, as gotas de chuva não são apenas água. Elas são o prenúncio. Anunciam a chegada de Venâncio Mondlane, não apenas como um homem, mas como símbolo de uma mudança que há tanto tempo se faz necessária. Cada trovão que ecoa nas colinas parece ser um grito de revolta, uma convocação divina para que os jovens despertem de uma vez por todas. As ruas encharcadas não podem mais segurar o clamor de quem já perdeu tanto, de quem já não tem mais medo.
Os jovens de Nampula, esses guerreiros que nasceram em meio ao caos, sabem que a luta não é de hoje. São filhos de um país que sempre prometeu mais do que cumpriu. Desde a independência, as promessas de um amanhã melhor se dissolveram como poeira ao vento, enquanto a elite corrupta se banqueteava à custa de um povo cansado. Mas hoje, a chuva parece lavar não apenas as estradas, mas também as almas. É como se Deus, finalmente, tivesse decidido se unir a essa batalha.
As lágrimas de Deus caem sobre o asfalto quente, misturando-se com o suor e a fúria de uma juventude que já não se contenta com migalhas. Eles estão nas ruas, não por medo, mas por esperança. E no horizonte, enquanto o céu cinza se abre para deixar passar um tímido raio de sol, há uma promessa silenciosa: Venâncio está chegando. Não apenas como um candidato, mas como um sopro de renovação, como o fim de um ciclo de sofrimento que parece não ter fim.
Os mais velhos olham pela janela com desconfiança. “Será que agora vai?”, perguntam, enquanto suas memórias pesadas se enroscam nas promessas não cumpridas de outros tempos. Mas os jovens, com seus corações incendiados, não hesitam. Para eles, Venâncio Mondlane representa a voz que nunca tiveram. Ele é o eco de suas angústias, o símbolo de sua resistência. E essa chuva, que cai sem cessar desde a madrugada, é uma bênção. Porque Deus também sabe que chegou a hora de algo mudar.
Nas esquinas, nas vielas, há uma inquietação que se espalha. Não é mais o medo da repressão que domina o espírito dos jovens de Nampula, mas a certeza de que o tempo dos corruptos está contado. Deus, cansado, chora por eles, mas também lhes dá força. As lágrimas que hoje molham a cidade são as mesmas que vão nutrir as raízes de uma nova esperança.
E assim, debaixo de uma chuva torrencial, os jovens marcham. Marcham por si, pelos seus pais e avós, marcham pelos que virão. Marcham porque sabem que o amanhã está nas mãos deles. E, enquanto a chuva continua a cair, o rosto de Venâncio Mondlane começa a despontar na linha do horizonte, como uma promessa, como um novo sol que nasce para o povo de Nampula.
Hoje, mais do que nunca, Deus está ao lado deles. Deus também está cansado. E suas lágrimas, transformadas em chuva, são o sinal de que o fim do sofrimento está próximo. O regime de exploração, implantado desde 1975, começa a se desfazer, não apenas sob a pressão da água, mas pela força inabalável de um povo que finalmente decidiu dizer basta. E mais não disse!
Venâncio Mondlane é a esperança que nunca tive, o líder da revolução que abraçou a causa do povo sem povo, a voz do povo sem voz… Os seus ideais preenchem o vazio roubado nas profundezas maternais da mulher abandonada. Graças a ele, hoje falo e me importo da Política, não como fantoche, mas o verdadeiro revolucionário que queria ser um dia, quando mais não sabia o que queria ser…
Viva a Revolução. Viva a liberdade…
É texto construtivo, obrigado por me motivar.
Realmente, Deus está do nosso lado. Basta, basta e basta.
Deus abençoe a nossa nação e as nossas lutas justas. Salve Moçambique.
Obrigado padre, um texto que retrata o realismo da juventude e do país. Deus abençoe sempre.