Por: Kant de Voronha
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 22 de outubro de 2024, os Bispos da Igreja Católica de Moçambique expressaram profunda preocupação com o elevado índice de abstenção nas eleições gerais recentemente realizadas. Segundo os prelados, mais da metade dos eleitores inscritos não compareceram às urnas, configurando o mais alto nível de abstenção na história das eleições multipartidárias do país.
“A elevada abstenção parece indicar que as irregularidades e fraudes observadas em eleições anteriores convenceram grande parte da população de que sua vontade, expressa nas urnas, não é respeitada”, afirmam os bispos. O comunicado destaca que esse fenómeno aponta para a crescente desconfiança dos cidadãos no sistema eleitoral e na eficácia do seu voto.
O texto sublinha que a repetição de fraudes, como o enchimento de urnas e a falsificação de editais, mina a legitimidade do processo eleitoral e reforça a falta de confiança nos órgãos responsáveis pela condução das eleições. Segundo os bispos, a manipulação dos resultados empurra a população a questionar a legalidade dos eleitos e a validade do próprio sistema democrático.
Os líderes católicos também aproveitam o comunicado para condenar qualquer forma de violência política, apelando ao diálogo e à transparência na divulgação dos resultados eleitorais. Eles sugerem que o confronto dos editais originais entre as várias partes envolvidas no processo poderia ajudar a restaurar a credibilidade das eleições.
Além disso, os bispos alertam os jovens moçambicanos para que não se deixem instrumentalizar em atos de vandalismo e desestabilização, reiterando que a juventude deve ser ouvida e ter seu direito à paz e oportunidades garantido.
O comunicado conclui com um forte apelo à verdade, à paz e à justiça, pedindo que os envolvidos no processo eleitoral e no conflito resultante reconheçam seus erros e busquem soluções pacíficas para os problemas enfrentados por Moçambique. “Moçambique não deve voltar à violência. O nosso país merece a verdade, a paz, a tranquilidade e a tolerância”, concluem os bispos.