
Por: Valdimiro Amisse
A pátria Moçambique, banhada pelo Índico e ferida pelas cicatrizes da sua história, está cansada. Cansada das promessas vazias, dos líderes que florescem apenas no seu próprio jardim, enquanto o resto do povo pisa em espinhos. Moçambique, terra de heróis, de sonhos revolucionários, pergunta-se: quem são, afinal, os verdadeiros filhos desta pátria?
Os filhos da pátria deveriam ser aqueles que ouvem o grito de socorro de suas gentes. Filhos da pátria são aqueles que choram junto com as mães que perdem seus filhos para a violência, com as crianças que não têm escola decente, com os jovens que se afogam no desemprego. Mas, será que os que estão no poder hoje, os que ostentam riqueza, as contas gordas e os carros de luxo, são esses filhos?
A pátria que os heróis Moçambicanos sonharam, é aquela que seus verdadeiros filhos juraram proteger, se esvai aos poucos. E Florindo Nyusi, assim como muitos outros antes dele, parece mais um desses jardineiros que cuidam apenas de sua própria plantação, enquanto a seca avança. Onde estão os hospitais que deveriam curar o povo? Onde estão as escolas que deveriam formar mentes brilhantes? Onde está a segurança que deveria proteger nossas famílias?
Ser filho desta pátria não é usar um fato elegante ou um cargo poderoso. Não é viver nos palácios de Maputo, de vidro e aço, isolado da realidade que corrói a alma do povo. Ser filho desta pátria é sentir na pele a dor das mães que não têm como alimentar seus filhos. É estar ao lado dos jovens que crescem sem esperança, sem emprego, sem futuro. É sujar as mãos na lama, não com a corrupção, mas com o suor do trabalho honesto.
Florir, senhor presidente? Sim, talvez tenha florescido, mas de que vale florescer em um campo que não dá frutos para a nação? De que adianta prosperar enquanto o resto da pátria definha? Moçambique, meu país, está cansado de jardins privados. O povo quer um jardim para todos.
Então, se perguntamos quem são os filhos desta pátria, precisamos ser honestos. Não são aqueles que desviam fundos públicos, não são aqueles que negociam em salas escuras, longe dos olhares do povo. Os verdadeiros filhos da pátria são os que, todos os dias, lutam para viver com dignidade. São as mães nas machambas, os professores em escolas sem condições, os médicos que atendem sem recursos, e os jovens que, apesar de tudo, ainda ousam sonhar com um futuro melhor.
Ser filho desta pátria é amar Moçambique mais do que ama a si mesmo. E isso, senhor presidente, não é para qualquer um.
Onde estão os verdadeiros filhos desta pátria?
Ser pobre não é Defeito