Por: Valdimiro Amisse
Se eu falar mais uma vez, o que será de mim? Talvez eu vire um alvo, porque aqui, a verdade é tratada como crime e quem ousa falar vira traidor. Esse país virou um teatro, e nós, o povo, somos forçados a assistir a mesma peça suja, a mesma mentira disfarçada de “democracia”. Mas se vou cair, que seja de cabeça erguida e com a verdade na ponta da língua, porque estou cansado de engolir o abuso de quem deveria servir, mas prefere pisar, roubar e se enriquecer.
Se eu falar mais uma vez, vou lembrar que prometeram um país digno, prometeram justiça, mas onde estão essas promessas? Jogadas nas mansões e nas contas bancárias dos mesmos que brincam com nosso sofrimento. E cada dia, mais uma mentira, mais uma humilhação pública de quem se diz “representante do povo”, mas que só representa sua própria ganância. Acham que somos cegos? Ou só pensam que a nossa dignidade vale uma esmola?
Se eu falar mais uma vez, vou dizer: vocês acham que o povo é burro? Acham que podem esconder para sempre a podridão que criaram? Cada dia há mais um “chefe”, mais um “grande” sugando as veias deste país. É corrupção atrás de corrupção, e nós, que trabalhamos de sol a sol, ficamos com o quê? Com migalhas, com uma educação em ruínas, com hospitais que mal têm remédios, com a fome sufocando as crianças.
E se vocês tentarem me calar, saibam que há milhões de outras vozes prontas para gritar. Porque, no fim, quem vive de engano e abuso está sempre com medo. Vocês têm medo do povo, medo de nós, porque sabem que a paciência tem limites, e que nada segura uma população inteira que acorda e enxerga a realidade. Então sim, se eu falar mais uma vez, que venha o risco, porque a verdade está do nosso lado, e uma hora, por mais que tentem apagar, o fogo vai se espalhar.
Se eu falar mais uma vez, vai ser para deixar claro: o país não é de vocês. Moçambique é do povo! E podem tentar calar uma voz, mas não vão calar o grito de uma nação inteira.
Ser pobre não é defeito.