Por: Valdimiro Amisse
Parece piada, mas não é. Estamos a viver tempos em que até o silêncio do povo virou uma ameaça para o regime. Protestar nas ruas? Proibido. Cantar pela justiça? Perigoso. Agora, até tocar tambores e panelas dentro da própria casa é considerado crime. Que tipo de regime é esse que teme até o som de uma colher batendo em uma panela?
Aqui estamos nós, em pleno século XXI, assistindo à desorientação total de um governo que não sabe mais como controlar o povo. O medo deles é tão grande que já nem conseguem esconder a tirania. E aí, mandam o contingente policial invadir os bairros de Nampula como se estivessem a caçar bandidos. Mas quem encontram? Mulheres, homens e crianças a reclamar pelo pão que lhes falta na mesa, pela escola que não funciona, pela saúde que está na UTI.
Dizem que é para “manter a ordem”, mas ordem para quem? Só para eles, claro. Porque enquanto as nossas ruas estão cercadas de homens armados, lá estão eles em suas mansões, cercados de luxo, enquanto a maioria do povo sobrevive com pouco ou nada. É isso que chamam de “segurança”?
E, agora, nem dentro de casa temos paz. Manifestar-se dentro do próprio quintal, com os próprios utensílios, virou um ato de “rebeldia”. A polícia chega com armas apontadas, invade e atira contra famílias. Parece absurdo, mas é a nossa realidade. Querem nos calar de todas as formas, porque sabem que a verdade dói.
Mas será que não percebem? O medo não é o suficiente para nos calar. Podem colocar quantos homens armados quiserem nos bairros, podem prender, torturar, até matar, mas a nossa indignação só cresce. Porque, enquanto eles enchem os bolsos com o dinheiro do povo, nós ficamos sem escola, sem hospital, sem comida, sem nada.
E pergunto: o que querem mesmo? Que fiquemos de joelhos, agradecendo por viver na miséria? Se vocês não sabem o que querem, nós sabemos.
Ser Pobre Não É Defeito