Por: Valdimiro Amisse
“A tua fé te salvou.” Quantas vezes ouvimos estas palavras de Jesus? Ele as disse à mulher que sangrava havia anos, ao cego Bartimeu e até ao leproso que voltou para agradecer. Mas hoje, irmãos, quero usar essa mesma frase para falar de nós, moçambicanos. Não sou Cristo, nem pretendo ser, mas, se Ele estivesse aqui, não acham que diria o mesmo?
Olhai para este Moçambique que sangra como a mulher hemorrágica. Anos de incertezas e miséria drenaram nossas forças. Choramos nas ruas, morremos em hospitais que mais parecem cemitérios. Fomos cegos como Bartimeu, vivemos como leprosos, abandonados à nossa sorte, excluídos, enquanto os poderosos desfilam em carros luxuosos, comprados com o dinheiro que deveria salvar nossas vidas.
E ainda assim, irmãos, dizem-nos: “Tenham fé.” E eu vos digo: sim, tenhamos fé, mas uma fé que transforma, que move montanhas, não uma fé que acomoda. Porque a fé sem ação é morta.
Querem que acreditemos que um dia tudo vai melhorar, mas como? Rezamos, pedimos a Deus, mas nossos líderes continuam rindo de nós. Eles fazem discursos bonitos em televisões que nem chegam às nossas aldeias, enquanto o povo caminha quilômetros para buscar um pouco de água.
Mas, irmãos, sabem o que Jesus fez quando entrou no templo e viu os cambistas explorando o povo? Ele virou as mesas! Jesus não se calou, Ele agiu. E é isso que devemos fazer. Não basta rezar e esperar que os céus abram. Moçambique precisa de ação.
O império deles cairá. Todos os impérios caíram, desde faraó até as grandes potências modernas. Eles podem ter armas, podem ter dinheiro, mas não têm o que temos: a fé e a verdade. Quando o povo se levanta, não há força que o detenha.
Irmãos, a nossa fé pode nos salvar, mas não sejamos ingênuos. Jesus disse: “A tua fé te salvou,” mas isso porque aqueles que ouviram acreditaram e agiram. A mulher tocou em Suas vestes, Bartimeu gritou pelo Seu nome, o leproso voltou para agradecer. Nós também devemos agir.
Rezem, mas não se calem. Ajoelhem-se diante de Deus, mas levantem-se contra a injustiça. Que a nossa fé seja o motor de uma revolução pacífica, de um Moçambique onde ninguém passe fome, onde as escolas sejam dignas, onde os hospitais salvem vidas e onde o governo tema o povo, e não o contrário.
E um dia, irmãos, quando olharmos para trás, diremos com orgulho: “Foi a nossa fé que nos salvou.” E nesse dia, seremos dignos de ouvir as palavras do Mestre. Que assim seja!
Ser Pobre Não é Defeito