Por: Kant de Voronha
Se estás a ler estas palavras, provavelmente carregas no peito a dor de uma traição, um peso que corrói a confiança e faz questionar o valor de tudo o que acreditavas ser sólido. Para ti, que perdeste um lar, um sonho e talvez a fé no amor, quero deixar-te uma mensagem de consolo e reflexão.
A traição é uma ferida profunda, que atinge não apenas o coração, mas também o orgulho, a autoestima e a visão que temos do mundo. É natural que, no auge da dor, surja a generalização: “Todas as mulheres são iguais.” Mas deixa-me dizer: o mundo não é um espelho de uma única experiência. Nem todos os caminhos levam ao mesmo destino, e nem todas as pessoas compartilham as mesmas escolhas.
É verdade que a infidelidade deixa cicatrizes, mas também é verdade que a fidelidade ainda existe. Muitas mulheres amam com pureza, com compromisso e com respeito. O erro de uma pessoa não define o caráter de todas. Assim como homens são diversos, as mulheres também são. Reduzir o mundo a uma única experiência é limitar a tua capacidade de ver além da dor.
Sim, foste traído, e isso dói. Mas há algo importante a entender: a traição de outra pessoa não é reflexo do teu valor. Não foi a tua bondade, teu esforço ou tua entrega que causaram o erro de alguém. A infidelidade nasce da falta de caráter de quem trai, e não da insuficiência de quem foi traído. Carregares essa culpa não é justo nem necessário.
Jesus, em sua sabedoria, enfrentou situações em que o ser humano julgava e generalizava. Quando lhe trouxeram uma mulher acusada de adultério, Ele disse: “Aquele que não tem pecado, atire a primeira pedra” (João 8,7). Isso nos ensina algo poderoso: todos somos falhados de alguma forma. Não permitas que a mágoa transforme teu coração em pedra.
Perder um lar por traição é como ver um castelo desmoronar. Mas, mesmo em ruínas, há esperança. O amor, quando verdadeiro, é renovável. O futuro pode trazer alguém que valorize tua entrega, que veja em ti o companheiro digno de lealdade. Mas para isso, é preciso acreditar que ainda existem pessoas assim.
Não te feches para novas possibilidades. É compreensível que desconfies, que te protejas, mas não transformes tua dor em um muro intransponível. Deixa que ela seja uma ponte para um futuro melhor. Aprende com a experiência, mas não deixes que ela defina teu destino.
Por fim, lembra-te de que o perdão não é para quem traiu; é para quem foi traído. Não significa esquecer ou minimizar o que aconteceu, mas libertar-te da prisão da mágoa. O perdão é um presente que dás a ti mesmo, permitindo que tua alma encontre paz e que tua vida continue em direção a algo maior e melhor.
Levanta-te. Há um mundo de possibilidades à tua frente, e o amor verdadeiro ainda pode cruzar teu caminho. Não permitas que o erro de uma pessoa te prive de acreditar no bem que existe em outras. A fidelidade não é um mito; é uma virtude que, embora rara, ainda brilha no coração de muitas pessoas. E talvez, um dia, ela brilhe de novo na tua vida.
