Por Kant de Voronha
As palavras do hino nacional de Moçambique não são apenas versos; são promessas. Promessas de um povo que, com suor e sacrifício, conquistou a independência. Que construiu a nação com os alicerces da liberdade e da dignidade. E, sobretudo, promessas de que jamais permitiríamos que a tirania voltasse a pôr correntes em nossas mãos ou sombras sobre nosso futuro.
Mas aqui estamos, décadas depois, ainda prisioneiros de outro tipo de tirania. Não a do invasor estrangeiro, mas a de um regime que transformou a bandeira de liberdade num manto de controle, repressão e perpetuação no poder. Alternância política? Para eles, é um sonho que deve ser sufocado. Mas para nós, é a essência de qualquer democracia verdadeira.
Por que a alternância é tão essencial? Porque um governo que não teme perder o poder não serve ao povo, mas a si mesmo. Porque um regime que permanece no topo por décadas se torna insensível às dores da população, afundando-se em corrupção, autoritarismo e injustiça.
A alternância política é como o vento que varre as folhas velhas, dando espaço para o florescimento de novas ideias, novas lideranças, novas esperanças. É o oxigênio de qualquer sistema democrático. Sem ela, as instituições apodrecem, as vozes do povo são silenciadas e o país se afunda num ciclo vicioso de miséria e estagnação.
Os que agora tentam nos escravizar não usam grilhões de ferro. Usam as máquinas eleitorais, manipulando votos, deturpando a vontade popular e transformando a democracia num espetáculo vazio. Usam a força, a censura e a intimidação para esmagar qualquer tentativa de oposição legítima.
Mas o povo de Moçambique é resiliente. É o mesmo povo que enfrentou impérios e regimes coloniais, que enfrentou guerras e fome, mas que nunca perdeu a sua dignidade. Este é o povo que agora se ergue, com a mesma coragem, para dizer: “Nenhum tirano nos irá escravizar.”
Queremos um país onde as eleições sejam livres e justas, onde o poder não seja um trono vitalício, mas um serviço temporário ao povo. Queremos líderes que temam os votos, não que os manipulem. Queremos instituições fortes, independentes, capazes de garantir a justiça e os direitos de todos.
E para isso, a alternância política é fundamental. Não é um favor que pedimos, mas um direito que exigimos. É a base para construir uma nação onde cada voz importa, onde a juventude tem futuro, onde a riqueza não é privilégio de poucos, mas herança de todos.
Hoje, em cada protesto, em cada rua ocupada, em cada voz que se levanta, ressoa o eco de uma verdade incontestável: “Nenhum tirano nos irá escravizar.” Não importa quantos soldados, quantas balas, quantas ameaças. A força de um povo unido é maior do que qualquer regime, maior do que qualquer ditadura disfarçada de democracia.
Moçambique nasceu da luta pela liberdade, e não permitirá que essa liberdade seja usurpada. A alternância política não é apenas um desejo; é uma necessidade. E por mais que os tiranos tentem se perpetuar, sua hora chegará. Porque a história sempre esteve do lado dos povos que lutam pela justiça, e não dos regimes que os oprimem.
Cantemos, então, com convicção: “Nenhum tirano nos irá escravizar!” Porque, enquanto essa promessa viver em nossos corações, a vitória será inevitável. E Moçambique, finalmente, será o país de todos e para todos. E mais não disse!