Por Kant de Voronha
Venâncio Mondlane declara luto nacional e promete intensificar manifestações caso não haja verdade eleitoral
Num pronunciamento que mobilizou cerca de 140 mil pessoas em uma transmissão ao vivo no Facebook, Venâncio Mondlane anunciou medidas impactantes em resposta ao atual cenário de crise em Moçambique. O político declarou quatro dias de luto nacional e solidariedade, de quinta-feira (19) a domingo (22), em memória das vítimas do ciclone CHIDO, que devastou Cabo Delgado e Nampula, e em homenagem às mais de 130 vítimas mortais durante as recentes manifestações no país.
Durante esses quatro dias, as atividades laborais continuarão normalmente, mas Mondlane orientou seus apoiantes a paralisarem as manifestações de rua e evitarem o uso de apitos e vuvuzelas. Em sinal de luto, recomendou o uso de roupa preta ou branca, de acordo com as tradições locais. Além disso, estipulou um momento diário de reflexão, entre 13h e 13h15, com a entoação do hino nacional e orações pela justiça em Moçambique. A fase de luto será encerrada no domingo à noite, das 21h às 22h, com um ato simbólico onde os moçambicanos deverão tocar vuvuzelas e apitos em uníssono.
No entanto, a segunda-feira (23/12) foi apontada como um dia decisivo para o país. Mondlane decretou que toda a atividade deverá ser paralisada, convocando os cidadãos a permanecerem em suas casas ou próximos ao Conselho Constitucional (CC), onde o aguardado acórdão será anunciado. Ele apelidou a decisão do CC como o momento “Turbo V8”, um símbolo do ponto de virada: se o veredito refletir a “verdade eleitoral”, Mondlane prevê um caminho para a paz e estabilidade no país. No entanto, caso o resultado seja percebido como uma “mentira eleitoral”, ele prometeu intensificar as manifestações, acionando a “fase Turbo V8”, que, segundo ele, será decisiva para o futuro do país.
“Está tudo nas mãos do Conselho Constitucional”, afirmou Mondlane, deixando clara a gravidade do momento e a sua disposição em mobilizar a população caso a justiça não seja feita. O anúncio, seguido por milhares de pessoas em tempo real, elevou a tensão política em Moçambique e promete marcar os próximos dias com reflexões, mobilizações e expectativas quanto ao futuro do país.