Por Valdomiro Amisse
Nampula, a terceira maior cidade de Moçambique, viveu uma virada de ano atípica, marcada por ruas quase desertas e a presença massiva de militares. As principais avenidas e ruas da cidade, conhecidas por serem pontos de encontro e celebração no último dia do ano, apresentaram um cenário diferente neste ano, evidenciando o impacto das tensões pós-eleitorais que assolam o país.
As festividades tradicionais, que costumavam atrair multidões de todas as idades, foram substituídas por um clima de cautela e apreensão. O que antes era sinónimo de alegria, música e fogos de artifício, deu lugar à vigilância rígida de forças militares em pontos estratégicos da cidade.
Nampula, historicamente reconhecida pelo espírito vibrante de sua população, mostrou-se praticamente irreconhecível. O número reduzido de pessoas nas ruas contrastava com os anos anteriores, e, mesmo entre aqueles que decidiram sair, era notório o predomínio de crianças e adolescentes.
“As famílias estão com medo. Antes, as praças ficavam lotadas, as pessoas dançavam e celebravam, mas este ano a cidade está deserta”, comentou Rogério de Ana Maria, residente de Mutauanha.
Os protestos pós-eleitorais, que se espalharam por várias regiões do país, influenciaram diretamente o clima da cidade. A insatisfação popular, somada à repressão e ao aumento de tensões políticas, deixou marcas profundas em Nampula.