
Por Mussa Mphavara
Ah, Tio Vahanle, como sentimos a sua falta! Depois de deixar a cadeira quente da autarquia, parecia que o senhor havia sumido. Ninguém mais ouvia falar de Paulo Vahanle. Era como se a terra o tivesse engolido, ou será que estava apenas lá, na tranquilidade das suas machambas, cultivando o silêncio? Os Nampulenses precisavam de si, Tio! E agora, finalmente, está de volta, como membro da Assembleia Provincial. Será que volta para trazer a alegria que muitos ainda lembram?
Vamos recordar. O senhor não foi um presidente perfeito. Quem é? Durante o seu tempo no Conselho Municipal, algumas promessas ficaram por cumprir. Ruas esburacadas, mercados desorganizados, bairros esquecidos. Diziam por aí que, às vezes, faltava força política, outras vezes, era falta de recursos mesmo. Mas também há quem diga que, mesmo com todas as limitações, havia algo diferente na sua forma de governar. O senhor era acessível, simples, quase como um de nós. Não havia aquele ar de superioridade que muitos políticos gostam de usar para nos lembrar que eles mandam e nós obedecemos.
Agora que está de volta, as perguntas estão no ar. Tio Vahanle, o senhor volta com a mesma energia que trouxe na primeira vez? O povo de Nampula quer saber se pode contar consigo para, pelo menos, fazer barulho na Assembleia. Vai levantar a voz pelas estradas que continuam intransitáveis? Vai lembrar a todos que as nossas crianças precisam de escolas melhores? E quanto à saúde, vai lutar para que os nossos hospitais deixem de ser um lugar onde se vai para morrer?
Os tempos mudaram, Tio Vahanle, e o povo também mudou. Já não basta prometer. Queremos ação, resultados. Queremos sentir que há quem nos defenda de verdade, quem lute pelos nossos direitos sem medo de represálias. Não queremos que a sua volta seja apenas uma oportunidade para discursos bonitos e abraços de conveniência. Queremos o Vahanle que prometeu servir o povo, que conhecia os becos e vielas de Nampula como a palma da mão.
E, por favor, desta vez, não desapareça novamente. O povo precisa de líderes que estejam sempre presentes, que saibam ouvir e que saibam também admitir os próprios erros. Se o senhor aprendeu algo nos anos que passou longe dos holofotes, use isso a nosso favor. Transforme os erros do passado em lições para o presente.
Tio Vahanle, a esperança é a última que morre, e ainda acreditamos que o senhor pode trazer algo de bom para nós. O palco está montado, as luzes estão sobre si, e o povo de Nampula está na plateia, esperando, mais uma vez, que o show valha a pena.
Agora é consigo. Não nos decepcione.